Normal People

João Lourenço
2 min readJan 5, 2021

Já foi dito; de perto ninguém é normal. De longe, muitas também não são.

Quem tem um comportamento, mais ou menos, igual; seja de perto ou de longe, tem um contraste ou distância menor entre o perto e o longe, e isto me parece ser menos anormal. E arrisco a dizer que algumas pessoas, que de longe não parecem normais, de perto são iguais a todos ou até mais normais que a maioria quando vista de perto.

Confuso? Talvez esteja lendo o texto perto demais, desculpe a piada.

Normal People é uma série irlandesa que trata de pessoas que fogem da normalidade, não vou colocar aspas nas palavras derivadas de normal, um vicio meu, usar muitas aspas. Introspectivos e inseguros, os protagonistas trocam de ambiente onde ora, de longe, um é normal e o outro esquisito, ora um é esquisito e o outro normal.

Série baseada no livro, de mesmo nome, da escritora Sally Rooney.

Vi a série duas vezes (12 episódios de 30 minutos), fiquei reticente em ler o livro, pois acho a série perfeita, transmitindo todo o clima dos sentimentos dos personagens; fundos desfocados, silêncios, olhares perdidos, atores e direção perfeitos.

Em função do incentivo de três pessoas, que leram, cedi e o li.

Volto com aquela frase; O Meio é a Mensagem, do Marshall McLuhan. Aqui os meios (livro ou vídeo) funcionam mais como limitação do que que como o seu valor intrínseco, que o filósofo dá a sua frase.

No livro a narrativa em terceira pessoa permite uma voz falar de detalhes, que em video só seria possível com a inserção de voz em off, recurso que normalmente não funciona. Na mudança de capítulos há um avanço de tempo de meses, ou meros minutos, então descreve uma situação no novo presente e depois o preenchimento do passado desde o último capítulo. Gostei deste recurso, na série só lembro de ter sido usado uma vez, a narrativa é mais cronológica.

Mesmo a série e livro sendo praticamente iguais, em acontecimentos e diálogos, não sei se gostaria tanto da história como gostei na série. A autora participou como roteirista também.

Aqui não me aprofundei na história, não por possíveis spoilers, mas por não saber se a história, vista de perto, seria tocante para outras pessoas como foi para mim. Os dois personagens são perfeitamente normais um para o outro quando estão pertos, ou só se sentem normais quando juntos.

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